Descoberta em 1427, a ilha do Pico, situada no grupo central do Arquipélago dos Açores, tem uma superfície de 447 km²; uma linha de costa com 151,84 km de comprimento; mede 42 km de comprimento e 20 km de largura. Destaca-se pela sua dimensão e pela sua majestosa montanha, Montanha do Pico, que culmina num pico acentuado, o Pico Pequeno ou Piquinho, situada no extremo ocidental da ilha. É a mais alta montanha de Portugal e a terceira maior montanha que emerge do Atlântico, atingindo 2351 metros acima do nível do mar. Os seus solos são constituídos, na sua maioria, por basalto recente: os denominados "mistérios" ou "biscoitos".
O seu povoamento terá tido início a partir da década de 1480, sendo de origem flamenga os primeiros povoadores picoenses. O Pico recebeu indivíduos de diversos grupos sociais, nomeadamente indivíduos pertencentes a uma pequena nobreza, que se distinguem pela posse de terras e estilo de vida; uma forte presença do clero secular e regular, do qual se destaca a presença franciscana; e ainda um terceiro grupo, dividido entre mercadores, artífices, trabalhadores rurais e artesãos.
Em meados do século XVI, mais concretamente em 1542, surge a vila de São Roque do Pico, que após ser elevada a concelho, constituído pelas freguesias de Santo Amaro, Prainha, São Roque, Santo António e Santa Luzia, desenvolveu-se cada vez mais, embora, tenha sido, desde sempre, o menos populoso.
Os principais traços económicos do Pico são o reflexo das características topográficas e climáticas da ilha. Neste sentido, a economia picoense resulta numa variedade produtiva considerável, imposta pela diversidade geográfica que a ilha apresenta e documentada em diversos períodos históricos. Além da agricultura, da pecuária e da pesca, a economia da ilha, desde o início do povoamento, foi marcada pelo cultivo da vinha e a produção de vinho. Em primeiro lugar, destaque-se a produção e o comércio do vinho. Introduzidos na ilha nos finais do século XV, os vinhedos encontraram um espaço acolhedor no interior dos "currais" de rocha vulcânica e a produção de vinho alcançou os valores mais elevados ao longo dos séculos XVIII e XIX. Durante este período, o vinho picoense foi apreciado no espaço regional, sendo exportado para São Miguel e Terceira. Mas é no mercado internacional que encontramos os principais consumidores, não só do vinho como da aguardente picoenses, sendo aquele exportado principalmente para as colónias britânicas da América do Norte e esta para o Brasil. O êxito da produção e consequente comercialização do vinho picoense reduz-se, todavia, a partir de 1852, quando o "oidium" ataca as vinhas. As consequências desta doença provocaram um longo marasmo na produção vinícola picoense e só muito recentemente se observam sinais de recuperação desta produção com fins comerciais.
Todavia, a economia picoense não se esgota na exploração dos seus solos vulcânicos. Por um lado, a existência de numerosos matos em diversas áreas da ilha contribuiu para o comércio de madeiras e carvão, embora igualmente circunscrito ao mercado regional. Por outro, a criação de gado tornou-se numa importante actividade, exercida, aliás, desde a descoberta da ilha.
No século XIX foi possível observar uma efectiva exploração marítima, com a introdução da caça à baleia. Assim se formou a imagem do picoense baleeiro, característica tradicional da Ilha do Pico.
O clima da ilha do Pico é temperado oceânico e caracteriza-se por temperaturas amenas (com pequenas amplitudes térmicas anuais), precipitação regular ao longo de todo o ano, elevada humidade relativa do ar, céu em geral nublado e frequentes ventos fortes. No que respeita à distribuição mensal da precipitação verifica-se que, genericamente, é durante a estação invernosa que ocorre a precipitação mais significativa, verificando-se que desde finais de Setembro a finais de Março ocorre cerca de 75% da precipitação anual. Embora com um clima mais seco, o Pico é influenciado pela corrente do Golfo. O Anticiclone dos Açores funciona como uma força moderadora, mantendo as temperaturas entre os 14ºC (57ºF) e os 27ºC (80ºF) ao longo de todo o ano.
A localização geográfica das ilhas dos Açores, no contexto da circulação global atmosférica e oceânica, condiciona o clima do arquipélago. A circulação atmosférica é comandada pelo Anticiclone dos Açores, cuja posição, intensidade, desenvolvimento e orientação influencia as condições meteorológicas sentidas no arquipélago. No que diz respeito à temperatura, esta varia regularmente ao longo de todo o ano, observando-se os valores mais elevados em Julho e Agosto (Temp. média de 22ºC-23ºC) e os mais baixos em Janeiro e Fevereiro (Temp. média de 13ºC-14ºC). A temperatura média anual é de 17,4ºC e a taxa de variação da temperatura com a altitude é de –0,6ºC/100 m. Os ventos predominantes na ilha são os do quadrante SW, embora nos meses de Outubro a Dezembro sejam mais comuns ventos do quadrante S e nos meses Maio e Julho haja uma predominância de ventos do quadrante NE. De acordo com dados disponibilizados pelo INMG, e medidos no Aeródromo do Pico, as velocidades médias mensais variam entre 11,4 km/h (em Julho) e 20,9 km/h (em Janeiro). Os valores mais elevados de velocidades médias, por seu turno, são atingidos com ventos do quadrante SW (28,3 km/h e 27,4 km/h, em Dezembro e Fevereiro, respectivamente) e do quadrante NW (27,3 km/h, em Janeiro).A Floresta Laurissilva, relíquia do que resta de uma vegetação que remonta à Era Terciária que desapareceu em quase todo o continente europeu devido às glaciações, encontra-se em manchas isoladas em todas as ilhas, sendo as mais significativas no Planalto Central do Pico. Como principais espécies florestais endémicas incluem-se o louro, o queiró, a urze, o cedro e pau-branco. A acrescentar um encanto especial à ilha estão algumas flores, como as hortênsias, as camélias ou as azáleas, plantas introduzidas e usadas como divisões naturais de propriedades. A acácia e a criptoméria, árvores de maior porte, foram também introduzidas na ilha e ganharam importância comercial de relevo.
O mar dos Açores alberga diversas espécies de cetáceos, sendo os mais frequentes os cachalotes, baleias-de-bico e golfinhos. Estão registadas algumas espécies de tubarões, variando desde o pequeno Tubarão-anão até ao Tubarão-baleia. Podem encontrar-se, também, o peixe-espada, o atum, o bonito, a enguia, moreia e o chicharro. Nas zonas costeiras, frequentemente existem polvos, ouriços-do-mar, estrelas-do-mar, lapas e cracas. Em ribeiras e lagoas é normal encontrar-se algumas espécies de Trutas, Percas, Carpas e Lúcios.
Na avifauna açoriana destacam-se o milhafre (única ave de rapina presente no arquipélago), o pombo torcaz e da rocha, o canário-da-terra e diversas aves marinhas como o cagarro (cuja maior parte da população mundial nidifica no arquipélago), o garajau rosado (cuja maior parte da população europeia nidifica nos Açores) e gaivotas.
Quanto a animais terrestres, o coelho selvagem, doninha-anã, o furão e o ouriço-cacheiro são mamíferos comuns. É de salientar que o morcego-dos-açores é o único mamífero terrestre endémico do arquipélago. As vacas são características da paisagem quotidiana açoriana, provendo o sustento de muitas famílias.
A gastronomia da ilha é muito rica e assenta principalmente na frescura dos produtos retirados ao mar e colhidos da terra. Os crustáceos como a lagosta, o cavaco e o caranguejo, os moluscos, como as lapas e as cracas, as lulas e os polvos servem de base a pratos variados e ricos. Entre os peixes destacam-se espécies como a abrótea, o chicharro, a moreia, a Veja (parecido com o bacalhau), o irio, a salema, o cherne, a garoupa, o espadarte.
As carnes de bovino e suíno encontram-se presentes em pratos da culinária regional como "molha de carne à moda do Pico", "torresmos", "linguiças" e "morcelas". São consumidos com vinho verdelho, vinho de cheiro ou outros produzidos localmente e pão de massa sovada. Em termos de laticínios destacam-se os queijos de São João e do Arrife, ambos produzidos a partir do leite de vaca.
Em termos de doces destacam-se os pratos de arroz doce, massa sovada e rosquilhas. Em termos de digestivos destacam-se o bagaço do Pico, a aguardente de figo ou um dos vários licores a partir de amora, nêspera ou de uma "angelica". Existe, também, a tradição de produção de inúmeros vinhos, aguardentes, licores e aperitivos.